terça-feira, 30 de abril de 2013

Crítica social na música


A música "Até Quando?" do músico Gabriel, o Pensador, encaixa-se com o Realismo em sua crística social extrema. Em toda a música ele denuncia a exploração do homem pelo homem, a submissão, a ignorância e a brutal realidade dos menos favorecidos, assim como vemos em diversas obras literárias do Realismo, principalmente nos romances naturalistas.

Postado por Mariana Origuela

sábado, 20 de abril de 2013

O poema Contrariedades de Cesário Verde

 Eu hoje estou cruel, frenético, exigente;
Nem posso tolerar os livros mais bizarros.
Incrível! Já fumei três maços de cigarros.

Consecutivamente.

Dói-me a cabeça. Abafo uns desesperos mudos:
Tanta depravação nos usos, nos costumes!
Amo, insensatamente, os ácidos, os gumes
E os ângulos agudos.

Sentei-me à secretária. Ali defronte mora
Uma infeliz, sem peito, os dois pulmões doentes;
Sofre de faltas de ar, morreram-lhe os parentes
E engoma para fora.

Pobre esqueleto branco entre as nevadas roupas!
Tão lívida! O doutor deixou-a. Mortifica.
Lidando sempre! E deve a conta na botica!
Mal ganha para sopas...

O obstáculo estimula, torna-nos perversos;
Agora sinto-me eu cheio de raivas frias,
Por causa dum jornal me rejeitar, há dias,
Um folhetim de versos.

Que mau humor! Rasguei uma epopéia morta
No fundo da gaveta. O que produz o estudo?
Mais duma redação, das que elogiam tudo,
Me tem fechado a porta.

A crítica segundo o método de Taine
Ignoram-na. Juntei numa fogueira imensa
Muitíssimos papéis inéditos. A imprensa
Vale um desdém solene.

Com raras exceções merece-me o epigrama.
Deu meia-noite; e em paz pela calçada abaixo,
Soluça um sol-e-dó. Chuvisca. O populacho
Diverte-se na lama.

Eu nunca dediquei poemas às fortunas,
Mas sim, por deferência, a amigos ou a artistas.
Independente! Só por isso os jornalistas
Me negam as colunas.

Receiam que o assinante ingênuo os abandone,
Se forem publicar tais coisas, tais autores.
Arte? Não lhes convêm, visto que os seus leitores
Deliram por Zaccone.

Um prosador qualquer desfruta fama honrosa,
Obtém dinheiro, arranja a sua coterie;
E a mim, não há questão que mais me contrarie
Do que escrever em prosa.

A adulação repugna aos sentimentos finos;
Eu raramente falo aos nossos literatos,
E apuro-me em lançar originais e exatos,
Os meus alexandrinos...

E a tísica? Fechada, e com o ferro aceso!
Ignora que a asfixia a combustão das brasas,
Não foge do estendal que lhe umedece as casas,
E fina-se ao desprezo!

Mantém-se a chá e pão! Antes entrar na cova.
Esvai-se; e todavia, à tarde, fracamente,
Oiço-a cantarolar uma canção plangente
Duma opereta nova!

Perfeitamente. Vou findar sem azedume.
Quem sabe se depois, eu rico e noutros climas,
Conseguirei reler essas antigas rimas,
Impressas em volume?

Nas letras eu conheço um campo de manobras;
Emprega-se a réclame, a intriga, o anúncio, a blague,
E esta poesia pede um editor que pague
Todas as minhas obras

E estou melhor; passou-me a cólera. E a vizinha?
A pobre engomadeira ir-se-á deitar sem ceia?
Vejo-lhe luz no quarto. Inda trabalha. É feia...
Que mundo! Coitadinha!

Cesário Verde, in 'O Livro de Cesário Verde

 

OBS: Esse poema de Cesário Verde ele é feito de quartetos, possui o esquema ABBA visto muito no classicismo através dos poemas de Camões, com rimas intercaladas no 1º e 4º verso e emparelhadas no 2º e 3º verso, apresenta aliterações como “Amo, insensatamente, os ácidos, os gumes, E os ângulos agudos”, e rimas internas "dias" e frias" e etc. O poema faz uma critica a uma sociedade desumana, corrupta, injusta que não liga com o que acontece ao seu redor: doentes que são abandonados e esquecidos pela população e pelos próprios políticos. A personagem predominante no poema é a engomadeira que sofre de uma doença muito grave que é a tuberculose, e o autor ele vai de certa forma tendo uma certa pena da situação da engomadeira, só que ele usa isso para criticar a sociedade e a imprensa, ele quer mostrar a realidade da população mais fraca. Como dito no post anterior os poemas de Cesário Verde apresentam muito o dia a dia não é mais aquela coisa da idealização, da perfeição usada nos poemas dos movimentos literários anteriores.

 

 

Bibliografia: http://www.citador.pt/poemas/contrariedades-cesario-verde

Postado por Munique Kafica

segunda-feira, 15 de abril de 2013

Conhecendo a poesia realista.

Para podermos discutir o realismo e a influência que temos dele nas obras atuais, primeiramente precisamos ter uma base de seu momento na história, suas caracteríscas e seus autores. Por isso, este post será dedicado somente a pequena uma ilustração dessa escola literária.

O Realismo português teve seu marco inicial em 1865 com a publicação do livro "Odes Modernas", de Antero de Quental. Foi um período marcado por renovações ideológicas, culturais, políticas, científicas e artísticas. Neste período a vida mental no país lusitano foi sacudida com a famosa Questão de Coimbra, umas das maiores polêmicas literárias portuguesa. Os jovens intelectuais na causa reagiam contra a degeneração romântica e buscavam referências modernas para diminuir o atraso cultural do país.

A poesia realista é caracterizada pela crítica social e pelo engajamento político. Ela retoma o lírico de Camões e Bocage, pois era o molde ideal para fundir as ideias realistas e transformá-las em uma forma fácil de comunicação e distribuição. Assim, os realistas conseguiram transformar sua época em uma rica atividade poética. Com caráter revolucionário, foi usada como arma para os pensadores daquele momento divulgarem a causa que fielmente serviam.

A poesia dessa época seguiu algumas vertentes: a poesia quotidiana, a poesia metafísica e a poesia parnasiana.
A poesia quotidiana incorpora aspectos do dia a dia pouco poéticos, de diversas camadas sociais. Seu maior representante foi Cesário Verde.
A poesia metafísica se preocupa mais com questionamentos sobre a vida, a morte e Deus. Tem um certo tom religioso, sem fugir dos aspectos científicos. Seu principal representante foi Antero de Quental.
Já a poesia parnasiana preocupa-se em resgatar tradições clássicas. Seu representante é João da Penha.

O Realismo foi também um momento frutífero para novas ideias científicas e ideais políticos, afinal o Iluminsmo nasceu e se utilizou muito das obras realistas para suas lutas sociais.

Postado por Mariana Origuela